O Volume de crédito imobiliário com recursos da poupança recuou para R$ 46,61 bilhões no ano passado, uma queda de 38,3% em relação a 2015, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) nesta terça-feira (24).
O resultado veio pior do que o projetado no início do ano passado pela entidade, que esperava uma retração de 20,6% para o período.
Em dezembro, contudo, os financiamentos da casa própria tiveram o melhor desempenho mensal de 2016, com avanço de 35,2% ante novembro, passando de R$ 3,98 bilhões para R$ 5,38 bilhões.
Desde o pico histórico no volume de crédito para construção e aquisição de imóveis, em 2014, o segmento passou a ter dois anos seguidos de queda. Em 2015, os financiamentos haviam encolhido 33% em relação ao ano anterior.
Para Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip, esse cenário é reflexo direto da crise no setor de construção civil, uma das mais prejudicadas pela recessão, segundo ele.
Abreu Filho atribui o resultado a um aumento nos estoques de imóveis, motivado pela queda constante de lançamentos e de vendas pelas incorporadoras nos últimos quatro anos. “Num contexto de juros altos, um mercado que lança menos e vende menos afetou os financiamentos da mesma maneira”, avalia.
Em dezembro, foram financiados 20,4 mil imóveis para a aquisição e construção de imóveis, quantidade 35,2% maior em relação aos 15,1 mil imóveis financiados em novembro, diz a Abecip. Mas em relação a dezembro de 2015, as concessões foram 6,8% menores.
Em 2016, o número de unidades financiadas foi de 199,7 mil, um recuo de 41,5% em relação a 2015, quando 341,5 mil unidades foram comercializadas com crédito imobiliário.
Apesar do recuo nos recursos da poupança, a boa notícia é que o ritmo de saída diminuiu, segundo a Abecip. A captação líquida da caderneta fechou 2016 com queda de R$ 31,2 bilhões em dezembro, ante R$ 50,1 bilhões em novembro. “A poupança é a ‘gasolina do mercado’ e começa a reagir”, diz Abreu Filho.
O estoque da poupança foi baixo, mas a rentabilidade da caderneta permitiu que o patrimônio voltasse a crescer 1,3% em 2016, após a queda de 3% em 2015, segundo o presidente da Abecip. “Parece que já passamos pelo fundo do poço e estamos entrando em um novo momento”.
A Abecip prevê que o volume de crédito com recursos da poupança voltará a crescer 5% em 2017, ao passo que os financiamentos com o FGTS devem ter um recuo de 1,5% este ano, segundo previsão do Conselho Curador do Fundo.
“Estamos imaginando quase um cenário de estabilidade com um moderado crescimento para o crédito da poupança. Achamos que não vai piorar”, diz o presidente da entidade”. “Esse número [de 5%] me parece bastante conservador”, avalia.
Os financiamentos com recursos do FGTS, que custeiam majoritariamente imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida e a linha pró-cotista, superaram o volume do crédito da poupança em 2016, segundo a Abecip. Foi a primeira vez que isso aconteceu em mais de 10 anos. O volume financiado pelo Fundo de Garantia cresceu de R$ 54 bilhões para R$ 64 bilhões no ano passado.
Enquanto isso, o crédito decorrente da poupança caiu de R$ 76 bilhões em 2015 para R$ 47 bilhões no ano seguinte. “Os financiamentos com o FGTS estão extremamente ativos e esse volume nunca foi tão alto. Esses recursos são mais baratos porque os juros praticados são os mesmos dos níveis pré-crise”, comenta Abreu Filho.
Fonte: G1.globo.com